Volvo Penta lança motor a gás e mira uso intensivo no campo
A Volvo Penta iniciou a comercialização no Brasil de seu primeiro motor movido a biogás, biometano ou GNV. Voltado para geradores elétricos de alta performance, o G13 foi desenvolvido para atender propriedades rurais, granjas, indústrias de alimentos e unidades agroindustriais que operam com uso severo e têm acesso a combustível de origem orgânica.
Com 13 litros e até 400 hp de potência, o motor começou a ser vendido antes mesmo do lançamento oficial na Agrishow 2025. Segundo a empresa, mais de 30 unidades foram encomendadas antecipadamente. A proposta é atender negócios que produzem seu próprio biogás a partir de resíduos como dejetos animais, restos vegetais ou rejeitos industriais. O combustível, gerado em biodigestores, reduz custos e reaproveita passivos ambientais.
“Além disso, contribui para expandir a produção e o uso de energia renovável e limpa. É uma solução que diminui em quase 100% a emissão de materiais particulados e cerca de 30% do óxido de nitrogênio”, diz Gabriel Barsalini, presidente da Volvo Penta América do Sul.
Motor para uso intensivo
O G13 foi projetado para suportar aplicações de longa duração e ambientes operacionais agressivos. Entre os segmentos-alvo estão usinas de açúcar, destilarias de etanol e frigoríficos. O motor traz arquitetura reforçada, com peças internas em aço, para suportar picos de carga e manter estabilidade térmica e mecânica por longos períodos.
“Tudo neste produto foi pensado para garantir desempenho e estabilidade na geração de energia, sempre de olho no meio ambiente e nos custos de operação”, afirma Felipe Lopes, diretor de motores industriais da Volvo Penta América do Sul.
O executivo também destaca a facilidade de manutenção: o G13 compartilha filtros e componentes com outros motores da marca, o que reduz o tempo de parada e facilita a reposição de peças.
Duas tecnologias
A Volvo Penta estruturou duas configurações distintas de injeção e gerenciamento de gás para o G13, com base em parcerias com a Motortech e a Woodward. Ambas são fornecedoras globais especializadas em soluções de energia a gás. A escolha da tecnologia é feita durante o processo de especificação técnica, levando em conta o tipo de aplicação, a rotina de uso e a disponibilidade de investimento do cliente.
“Existe uma necessidade crescente por motores movidos a combustíveis renováveis e com menos emissões de poluentes, mas que também tenham alta tecnologia, grande performance e custos adequados”, explica Lopes. Segundo ele, o apelo por soluções mais limpas cresceu junto com a exigência por eficiência operacional. “O mercado está atento a esse tipo de produto pela possibilidade de usar um combustível ambientalmente correto e com redução significativa de custos.”
Em operações industriais, a economia com o uso de GNV pode chegar a 22% em relação ao diesel, segundo cálculos da Volvo Penta. Se a comparação for feita com o biogás, o custo operacional pode cair até 100%, já que o combustível pode ser produzido gratuitamente na própria propriedade rural a partir de resíduos orgânicos.
O biogás é gerado em biodigestores com resíduos da agropecuária, lixo orgânico, indústria alimentícia e efluentes. O biometano, obtido a partir da purificação do biogás, também pode ser inserido na rede de gás natural. Já o GNV é utilizado onde há acesso à infraestrutura de distribuição ou fornecimento local.
Para Lopes, o uso do G13 se encaixa em um modelo de produção circular. “É um ciclo virtuoso. O resíduo passa a ser um ativo energético, com impacto direto nos custos da operação e nas emissões.”
Produção nacional e foco na América do Sul
O motor G13 é fabricado em Curitiba (PR), no mesmo complexo industrial onde a Volvo produz motores para caminhões e ônibus. A unidade brasileira será responsável pelo fornecimento do modelo a todos os países da América do Sul.
A Volvo Penta tem presença em mais de 130 países e entregou mais de 35 mil motores em 2024. No Brasil, o portfólio da marca inclui motores a diesel com potências de 18 a 1.000 hp para aplicações marítimas, agrícolas e industriais.
Com o G13, a empresa busca ampliar oferta para o mercado de energia e mira novos projetos de autogeração rural e industrial com combustível limpo.