24 de janeiro de 2020

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Por: Apelmat

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Categorias: Gestão, Obras, Pesquisas

Os problemas que o próximo governador de São Paulo terá de solucionar em mobilidade sobre trilhos

“Parceiros” de Geraldo Alckmin, João Doria e Márcio França se enfrentam no 2º turno da eleição para saber quem herdará as várias obras e projetos que estão parados ou em ritmo lento no Metrô e CPTM.

Estação Brás, uma das mais movimentadas de São Paulo: sistema-metrô ferroviário é um dos grandes desafios do próximo governador

Com o 1º turno da eleição encerrado neste domingo (8), dois candidatos ligados ao ex-governador Geraldo Alckmin conseguiram passar para o 2º turno da eleição para o governo do estado de São Paulo. Assumirão em janeiro uma longa lista de obras e projetos de mobilidade sobre trilhos iniciada em sua grande maioria pelo padrinho político.

Em comum, ambos receberão uma gestão na área de transportes com altos e baixos. Se levou muitos anos para concluir algumas obras importantes como a extensão da Linha 5-Lilás, parte da segunda fase da Linha 4-Amarela e a nova Linha 13-Jade da CPTM, vários projetos e obras inacabados e com perspectivas ruins, por culpa da crise econômica, operação Lava Jato e da burocracia brasileira.

Como irão tirar do papel tantas obras ou mesmo acelerar alguns projetos de modernização capazes de expandir a rede metrô-ferroviária para um patamar mínimo em que o transporte sobre trilhos passe a ser o principal modal da Grande São Paulo?

Inaugurada em 1991, a Linha 2-Verde teve sua expansão executada em várias fases até a chegada em Vila Prudente em 2010. O governo Alckmin licitou uma segunda fase que levará a linha até Guarulhos com mais 14 km e 13 estações, contratos foram assinados com os consórcios, porém, a ordem de serviço foi suspensa por falta de recursos – embora R$ 1,5 bilhão tenha sido obtido junto ao BNDES. A razão alegada foi a crise econômica que reduziu a receita do governo, além da operação Lava Jato, que afetou grandes empreiteiras como a Mendes Junior, uma das vencedoras desta licitação. A verba do BNDES foi repassada para a Linha 6-Laranja, restando ao atual governo sugerir que ela seja retomada como uma PPP, possivelmente desmembrada da atual Linha 2.

A segunda fase da Linha 4 segue em bom ritmo, com duas estações entregues e a terceira prestes a ser concluída. Faltará apenas a estação Vila Sônia, prevista para 2020 e que levará o ramal para perto de Taboão da Serra. Caberá ao próximo governador decidir se a terceira fase sairá do papel e que incluirá duas novas estações e a chegada ao município vizinho.

Mais precária na CPTM, a Linha 7-Rubi praticamente renovou toda a sua frota de trens este ano, com a adição das séries 8500 e 9500 mas ela ainda carece de modernização nas vias e reforma ou reconstrução de estações como Francisco Morato, cuja obra foi retomada este ano. O desafio aqui é tornar a viagem mais veloz e confortável para os passageiros que a acessam.

Além de obras de modernização de algumas estações, a Linha 8 pode ser alvo de uma concessão de operação pela iniciativa privada, projeto tocado pela gestão Alckmin em conjunto com a Linha 9-Esmeralda. A ideia é concedê-las em conjunto, mas a licitação ainda não está pronta e ficará a cargo do próximo governo, caso ele considere a ideia viável. A economia para os cofres públicos seria grande além da modernização de várias estações, segundo o governo.

Quando surgiu em 2009, o monotrilho substituiu um corredor de ônibus que chegaria até Cidade Tiradentes, no extremo leste da capital. Mas até hoje a Linha 15-Prata funciona de forma precária, com quatro das seis estações em horário restrito e outras quatro estações próximas de serem concluídas. O problema é que os trabalhos estão lentos na parte de operação e parados nas obras até São Mateus. Talvez o próximo governador tenha que resolver esse abacaxi logo que assumir em janeiro. Quanto à chegada em Cidade Tiradentes, é outra história. Há todo um imbróglio para desapropriar e duplicar a avenida Ragueb Chohfi, por onde passarão as vias, além da própria licitação da obra.

O monotrilho da Zona Sul poderia ser uma linha fabulosa, ligando regiões carentes como Paraisópolis e Cidade Ademar com outros ramais, além de conectar o Aeroporto de Congonhas e de quebra ser uma alternativa perimetral para que usuários fossem da Zona Oeste para a Zona Sul e vice-versa. Mas tornou-se uma imensa dor de cabeça para o governo. Uma gestão caótica do Metrô e um consórcio problemático tornaram o projeto um grande monumento à ineficiência e descaso. Iniciada em 2012, a obra se arrasta com partes evoluindo e outras absolutamente paradas.

O futuro governador terá de decidir se rompe com o consórcio e chama o segundo colocado, mas nesse caso será preciso uma enorme adequação dos trens já que cada via de monotrilho é exclusiva para um modelo, ou tenta obrigar o atual a concluir os trabalhos. E isso se falar nas outras duas fases que estão congeladas e sem perspectiva de saírem do papel.

Curiosamente, o trem regional virou bandeira de vários candidatos, mas França e Doria certamente têm visões diferentes sobre ele. Só saberemos o resultado quando um dos dois assumir a cadeira do Palácio dos Bandeirantes no dia 1º de janeiro de 2019.

Fonte: www.metrocptm.com.br

Postado em 11/10/2018