21 de setembro de 2021

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Por: Apelmat

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Renovação da frota de caminhões reduzirá em 50% as emissões de partículas

Em um novo relatório publicado nos últimos dias, a AIE e a EPE estimam que o país pode reduzir pela metade as emissões de partículas no ar até 2030 fazendo o sucateamento de veículos pesados com mais de 30 anos. Na caminhada do Brasil rumo à transição energética, um dos grandes desafios do país será a redução das emissões de sua frota de automóveis leves e pesados.

Para a Agência Internacional de Energia (AIE) e a Empresa de Pesquisa Energética (EPE), uma ferramenta chave para alcançar esse objetivo será o investimento em eficiência energética. As duas instituições calculam que avanços na eficiência do uso de combustível no transporte rodoviário de carga, por exemplo, podem contribuir para melhorar a qualidade do ar e a segurança energética.

Em um novo relatório publicado nos últimos dias, a AIE e a EPE estimam que o país pode reduzir pela metade as emissões de partículas no ar até 2030 fazendo o sucateamento de veículos pesados com mais de 30 anos. O investimento em outros modais, como o ferroviário, também traria sua contribuição para a redução no uso de combustíveis fósseis.

Atualmente, o setor de transportes é responsável por 33% do consumo final de energia no Brasil, segundo dados da EPE. O transporte de cargas tem especial destaque nesse cenário e representa aproximadamente 40% dessa demanda energética, baseando-se principalmente no uso do modo rodoviário.

A frota brasileira de caminhões cresceu a uma taxa de 3,5% ao ano entre 2005 e 2018. Essa disparada aumentou o consumo de diesel de 20 milhões de toneladas equivalentes de petróleo (tep) para 30 milhões de tep. “No Brasil, os caminhões pesados tem papel significativo e foram responsáveis pela maior parte do aumento no consumo de energia do setor de transportes ao longo do tempo, um incremento de 219%, entre 2000 e 2020”, relatou o estudo. A EPE e a AIE lembram ainda que os caminhões pesados respondem por aproximadamente 27% das toneladas-km rodadas e 60% do consumo de energia do frete.

Segundo o relatório, o transporte rodoviário de carga tem melhorado sua eficiência ao longo do tempo no Brasil. Entre 2003 e 2020, a eficiência dos caminhões pesados aumentou 0,6% ao ano, enquanto a dos caminhões semi-pesados cresceu 0,7% ao ano.

O documento afirma, contudo, que outras melhorias na eficiência do combustível poderiam contribuir para a qualidade do ar e a segurança energética, além de trazer benefícios financeiros. A lista de melhorias apontadas pelas duas instituições inclui o uso de sistemáticas de sucateamento, melhor gerenciamento da frota, limites mais rigorosos de emissões, entre outras.

“Os impactos dessas medidas seriam significativos. Por exemplo, se todos os veículos pesados com mais de 30 anos fossem sucateados, as emissões de partículas poderiam ser reduzidas em quase 50% até 2030, enquanto o consumo de diesel do Brasil poderia diminuir em 13 bilhões de litros de gasolina equivalente (LGE) de 2021 a 2030”, destacou o estudo. “O sucateamento é uma forma de prover incentivos para operadores de frete ‘aposentarem’ seus caminhões mais antigos e poluentes, em favor de veículos mais novos e eficientes. Esse tipo de programa tem se tornado cada vez mais comum internacionalmente”, acrescentou.

O trabalho também frisa que o Brasil pode extrair vantagens se investir também na transferência modal do transporte rodoviário para outros meios menos intensivos em energia, como o transporte aquaviário e ferroviário.

“Houve um incentivo para aumento das concessões e dos investimentos em ferrovias, hidrovias e portos. Espera-se que os investimentos desempenhem um papel fundamental, no cenário referencial da EPE adotado como Cenário Referência para o Brasil, considerando a construção de mais de 600 km de ferrovias por ano até 2030”, realçou o relatório.

Nas contas da AIE e da EPE, esses investimentos poderiam evitar um adicional de 276.000 caminhões, com a transferência do modo rodoviário para o ferroviário e economia de aproximadamente 11,5 bilhões de litros de gasolina equivalente entre 2020 e 2030.

“Um pacote de políticas públicas e incentivos poderia auxiliar na adoção da transferência modal. Essas políticas poderiam ampliar a regulação das vias, programas de informação, e incentivos para o transporte ferroviário e aquaviário”, finalizou o estudo.

Fonte: Petronotícias