18 de novembro de 2025

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Por: Miriam Leite

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Tags: infraestrutura

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Categorias: destaques, Evento, Sustentabilidade, Tecnologia

Infraestrutura e transição energética na Amazônia ganham destaque na COP30

Os desafios históricos da infraestrutura na Amazônia são amplamente conhecidos. As soluções, porém, nem sempre recebem a mesma visibilidade. Na COP30, o Banco da Amazônia levou o tema ao centro das discussões em seu espaço na Green Zone, reunindo especialistas, lideranças empresariais, estudantes e representantes de diferentes instituições para um dia dedicado a modelos sustentáveis de desenvolvimento no território amazônico.

O objetivo foi claro: mostrar iniciativas que já funcionam, apontar caminhos replicáveis e reforçar a demanda crescente por tecnologias de descarbonização e infraestrutura básica capaz de preparar cidades e comunidades para a transição energética.

Saneamento avança como base da descarbonização

As discussões convergiram para um ponto: não há descarbonização sem investimentos estruturantes. Entre eles, o saneamento ocupa papel central — tanto pela redução direta de emissões quanto por criar condições para a chegada de energia renovável e melhorias socioambientais.

A diretora de Sustentabilidade da Águas do Pará, Adriana Albanese, apresentou o caso da Vila da Barca, em Belém, onde 5 mil moradores passaram a receber água potável de forma contínua após a instalação de 2,3 km de redes elevadas em apenas três meses. O projeto foi financiado pelo Banco da Amazônia.

“Os investimentos em saneamento transformam a realidade em diversas cidades da região amazônica”, afirmou. Para ela, infraestrutura básica é o eixo que conecta saúde, adaptação climática e a implantação de soluções energéticas modernas em áreas vulneráveis.

Financiamento sustentável viabiliza escala e continuidade

O diretor de Crédito do Banco da Amazônia, Roberto Schwartz, reforçou que inovação só se converte em impacto quando existe acesso a capital adequado. Ele destacou que projetos estruturantes precisam de fomento contínuo e visão de longo prazo.

“Quando diferentes empresas acreditam que o banco pode ajudar a transformar o que está no papel em realidade, isso vira impacto concreto. Esse é o poder transformador do financiamento sustentável”, disse. Para Schwartz, a combinação entre tecnologia, financiamento e articulação institucional é o que garante que soluções cheguem às comunidades amazônicas.

Energia limpa e tecnologias replicáveis para a região

Os debates sobre energia abordaram baterias de íons-lítio, microgeração solar e tecnologias voltadas para comunidades isoladas — áreas onde o diesel ainda é dominante.

O presidente do Conselho de Administração da Matrix Energia, Wilson Ferreira Júnior, apresentou aplicações de baterias de íons-lítio capazes de estabilizar o fornecimento, reduzir custos e substituir geradores movidos a combustíveis fósseis.

“Com placas solares e baterias, você carrega durante o dia e utiliza à noite. A comunidade ganha autonomia energética e abandona o diesel. É uma solução limpa, eficiente e replicável”, explicou. Parte dos projetos da empresa recebeu apoio financeiro do Banco da Amazônia.

No mesmo painel, o presidente da Juparanã, Flávio Carminati, reforçou o papel do crédito como motor da transição. “O Banco da Amazônia foi o primeiro com quem fiz uma operação financeira, e essa parceria cresceu porque viabiliza projetos reais. Isso mostra como o apoio financeiro é determinante para iniciativas estruturais”, destacou.

Transição energética já avança no território

A forte presença de público ao longo do dia mostrou interesse crescente por soluções de infraestrutura sustentável. Para Nélio Gusmão, gerente executivo de Crédito Corporate do Banco da Amazônia, a movimentação no pavilhão confirma que a transição energética ocorre de forma concreta na região.

“Foi um momento de muita troca e descoberta. Trouxemos clientes que já estão operando soluções de descarbonização na Amazônia, mostrando que a transição energética não é apenas discurso, ela já está acontecendo”, afirmou.

Programação reflete demanda por modelos voltados ao território

Ao reunir casos práticos, agentes financeiros, empresas e especialistas, o Banco da Amazônia reforçou na COP30 que a infraestrutura amazônica pode evoluir com soluções replicáveis e alinhadas às demandas locais. Saneamento, energia renovável, financiamento sustentável e tecnologia aparecem como pilares dessa transformação — e como condições para que a descarbonização avance de forma consistente.