29 de outubro de 2025

|

Por: Miriam Leite

|

Tags: mineracao

|

Categorias: destaques, Evento

Bahia assume liderança na mineração na Exposibram 2025

A Exposibram 2025, realizada pela primeira vez em Salvador (BA), confirmou a nova fase da mineração brasileira — mais conectada à transição energética, à inovação e à sustentabilidade. O evento reuniu mais de 400 expositores e delegações de países como Espanha, Chile, Bélgica, Portugal e Coreia do Sul, consolidando o setor como vetor estratégico de desenvolvimento econômico.

Bahia se consolida como polo mineral estratégico

Com uma das maiores diversidades geológicas do país, a Bahia aparece hoje como o terceiro maior produtor mineral do Brasil. Segundo dados apresentados durante a feira, o estado deve receber US$ 9 bilhões em investimentos entre 2025 e 2029.

O presidente da CBPM, Antonio Carlos Tramm Carballal, destacou que o estado arrecadou mais de R$ 10 bilhões no último ano e abriga cerca de 200 municípios mineradores. Entre os destaques, estão 64 áreas de terras raras abertas à negociação e um corredor mineral de 300 km, com ocorrência de ferro, níquel, cobre, grafita e fosfato.

Entre os projetos em expansão, a Ero Copper, que atua em Caraíba, vem ampliando capacidade de processamento e aprofundando pesquisas geológicas. O CEO Eduardo Come ressaltou o foco em cobre — metal essencial para a eletrificação e o crescimento da economia verde.

Minerais críticos e transição energética no centro do debate

Lítio, cobre, nióbio e terras raras dominaram as discussões da Exposibram 2025. O CEO da Vale, Gustavo Pimenta, afirmou que esses minerais “serão o petróleo do próximo século”. Ele defendeu uma mineração mais digital, autônoma e de baixo impacto ambiental, com tecnologia e qualificação profissional no centro da estratégia.

Especialistas reforçaram que o Brasil tem vantagem competitiva ao oferecer minerais com menor pegada de carbono, extraídos sob padrões socioambientais mais rígidos, fortalecendo sua posição global na cadeia de suprimentos da energia limpa.

Desafios de regulação e infraestrutura

Apesar do otimismo, o setor enfrenta entraves. A legislação sobre mineração subterrânea ainda limita a produtividade — enquanto outros países permitem turnos de 12 h, o Brasil mantém o limite de 6 h.

Na infraestrutura, o potencial logístico do litoral baiano ainda depende de modernização portuária e melhor escoamento mineral. Além disso, cresce a competição por energia com data centers e veículos elétricos, o que pressiona a oferta disponível para a mineração.

Financiamento e formação de mão de obra qualificada

Com a taxa Selic elevada, o custo do crédito continua sendo um obstáculo para mineradoras nacionais. O deputado Arnaldo Jardim propôs ampliar o uso de debêntures de infraestrutura e instrumentos financeiros voltados à mineração sustentável.

Outro desafio é a escassez de profissionais qualificados. Mesmo com centros técnicos e universidades de referência, a Bahia ainda precisa formar mão de obra capaz de operar novas tecnologias de automação e monitoramento.

Responsabilidade social e confiança pública

A presidente da Anglo American Brasil, Ana Sanches, destacou que o setor vive um “momento de transformação”, no qual confiança e transparência são essenciais para fortalecer a imagem da mineração. Já Josiane Melo, da AVABRUM, lembrou: “Precisamos de um setor de mineração que coloque a vida em primeiro lugar.”

Perspectiva de continuidade com responsabilidade

A Exposibram 2025 consolidou a imagem de uma mineração moderna, sustentável e responsável. Com novos projetos, presença internacional e foco em governança, o evento em Salvador reafirmou: a Bahia está no centro da nova geopolítica mineral brasileira, com espaço para crescer — mas com planejamento e compromisso ambiental.