IA chega aos canteiros de obras para reduzir acidentes de trabalho
A aplicação de inteligência artificial (IA) nos canteiros de obras pode ajudar a prevenir acidentes de trabalho na construção civil, segundo a MIT Technology Review. Um infográfico, produzido pela revista utilizando dados de pesquisa própria e do Ministério Público do Trabalho (MPT), mostra que soluções baseadas em visão computacional e análise automatizada de imagens vêm sendo adotadas como ferramentas complementares às práticas tradicionais de segurança, com o objetivo de reduzir falhas humanas e antecipar situações perigosas.
A dimensão do desafio não é pequena. A construção civil é considerada a indústria mais perigosa quando se trata de escorregamentos, tropeços e quedas fatais. Nos Estados Unidos, aproximadamente mil trabalhadores morrem por ano em acidentes no setor. No Brasil, o número é igualmente alarmante, com cerca de 450 mortes anuais relacionadas à atividade.
Entre os principais fatores de risco estão quedas de altura, impactos com objetos, choques elétricos e soterramentos ou desmoronamentos. Além das condições físicas do ambiente de trabalho, sindicatos apontam que a falta de uso adequado de equipamentos de proteção individual (EPIs), a informalidade, a terceirização e a pressão por prazos contribuem significativamente para a exposição dos trabalhadores a situações perigosas.
Nesse contexto, sistemas de inteligência artificial vêm sendo desenvolvidos para atuar de forma preventiva. Modelos de linguagem visual treinados com regras específicas conseguem monitorar, em tempo real, o uso de ferramentas e equipamentos, identificando comportamentos de risco. Um exemplo citado no infográfico é o monitoramento do uso de escadas: nos Estados Unidos, 24% das mortes por quedas estão relacionadas a esse tipo de equipamento, especialmente quando trabalhadores ultrapassam o último degrau permitido.
Como funciona a tecnologia de prevenção de acidentes de trabalho
A tecnologia funciona a partir da análise de imagens e vídeos captados diariamente nos canteiros. A solução cria modelos digitais do progresso da obra e sinaliza possíveis violações de normas de saúde e segurança antes que elas resultem em acidentes. Segundo a revista, a precisão do software pode chegar a 95%, o que amplia o potencial de uso em larga escala.
Atualmente, esse tipo de ferramenta já está presente em cerca de 3,5 mil locais ao redor do mundo, incluindo países como Israel, Estados Unidos e Brasil. Apesar dos avanços, o infográfico ressalta que o fator humano ainda desempenha um papel relevante, especialmente na rotulagem de grandes volumes de dados utilizados para treinar os sistemas.
A adoção da inteligência artificial nos canteiros de obras não elimina a necessidade de fiscalização e treinamento, mas aponta para um novo modelo de gestão de riscos, no qual tecnologia e prevenção caminham juntas para reduzir um problema crônico do setor.






